A Síndrome do Pânico é caracterizada por crises de pânico (ou ataques de pânico). A crise de pânico costuma durar em média 40 minutos a 1 hora.
O que acontece é que o cérebro entende que a vida da pessoa está sendo ameaçada (mesmo que não esteja ocorrendo nenhum perigo real) e prepara o corpo para escapar. Daí desencadeiam-se as crises ou ataques de pânico. Elas são muito violentas, atingindo o corpo e a mente de forma traumatizante e incontrolável.
O medo de passar por essa experiência novamente acaba levando a pessoa a evitar lugares e situações onde a crise aconteceu. Com o tempo o medo de ter uma outra crise, torna-se a maior causa do desencadeamento da mesma. Fatores estressantes podem aumentar as chances da crise acontecer.
Mas o que acontece com uma pessoa que está em crise de pânico? O que ela sente? Eis abaixo os sintomas:
Sintomas físicos da crise de pânico
1 – Taquicardia
A taquicardia é a aceleração dos batimentos cardíacos. Essa é consequência de uma descarga de adrenalina na corrente sanguínea. Quando a pessoa está em situação de pânico, o cérebro entende que está em uma situação de ameaça e prepara o corpo para escapar.
A descarga de adrenalina faz o coração trabalhar mais pesado e mais rápido. Isso é útil quando precisamos correr ou fazer um esforço maior do que o habitual. Porém, como a pessoa não está correndo perigo real, essa energia fica acumulada e causa extremo desconforto.
2 – Aumento da pressão arterial
Com o coração trabalhando mais, a pressão arterial acaba subindo. Isso causa sensações de desconforto como dores no peito, tontura, dores de cabeça, na nuca, visão embaçada e outros. A pressão arterial normal é de 12 x 8, onde 12 é a pressão sistólica (a força que o coração faz para bombear o sangue para o restante do corpo) e 8 é a diastólica (a força com que o sangue retorna ao coração).
3 – Dores no peito, sensação de que está infartando
Durante a crise de pânico, a pessoa pode apresentar dores no peito, enjoo, palidez e formigamento nos braços, sintomas que popularmente estão associados ao infarto. Mas é importante lembrar que o durante um infarto ocorre uma fraqueza muito grande chegando até a impedir movimento do braço e mão. Já, quem está passando por uma crise de pânico, tem muita energia e inquietação, o que é o oposto de quem está infartando.
O desconforto dos sintomas ainda podem ser agravados por pequenos detalhes como uma roupa apertada, uma posição que pressiona o peito ou atrapalha a circulação, gases, etc.
De qualquer forma, esteja com seus exames cardiológicos em dia.
4 – Tensão muscular
Durante a crise, a pessoa sente o corpo ficar tenso, especialmente no pescoço e ombros. Já levou um susto? E de repente você estava todo encolhido por alguns instantes? É basicamente a mesma coisa só que com duração maior. Por conta da tensão, pode-se sentir dores musculares e espasmos. A tensão também impede a circulação normal e pode-se sentir tonturas, dores de cabeça e formigamentos.
5 – Formigamento das extremidades
A tensão muscular, como visto acima, dificulta a circulação sanguínea. Além disso, o corpo está em alerta e reúne o sangue nas partes vitais do corpo como o peito e o abdômem, deixando as extremidades com menor irrigação. Juntando esses dois fatores, temos a sensação de formigamento nas mãos, nos pés e até no rosto.
6 – Respiração curta ou falta de ar
Quando estamos em crise, parece que a garganta e o abdômem estão apertados e simplesmente fica difícil de respirar. Parece que quanto mais ar tentamos puxar, menos conseguimos. Para mim, a mente é a pior vilã, pois os pensamentos catastróficos ficam intensos e eu “esqueço” de respirar. Para voltar a respirar normalmente, temos que respirar lenta e profundamente, enchendo a barriga de ar, segurando um pouco e esvaziando até ela ficar contraída.
7 – Tontura e sensação de que vai desmaiar
A pessoa que está em crise de pânico tem a sensação de perder o equilíbrio, parece que não tem ar suficiente na cabeça e que a qualquer momento vai perder a consciência. A tontura pode vir como consequência de outros sintomas como tensão, respiração curta e até movimentação brusca.
8 – Inquietação
O corpo está cheio de adrenalina, o coração está acelerado, os músculos estão tensos, e a pessoa não sossega. Ela senta, levanta, dá pulos, anda, corre, bate o pé, mexe os braço, coça o nariz, puxa o cabelo, morde a boca, tampa os ouvidos, etc. Cada um libera a energia de alguma forma inconscientemente. A verdade é que não conseguimos ficar parados ou relaxados durante uma crise.
9 – Azia, náuseas e diarréia
Algumas pessoas ainda relatam inquietações no estômago e intestino consequências do nervosismo. A pessoa sente um aperto na garganta, náuseas, azia por conta de formação de ácido estomacal o que afeta também o intestino e pode causar diarréia.
Sintomas mentais da crise de pânico
1 – Medo intenso e sensação de morte
Tudo começa com um medo irracional que invade a mente. Isso faz com que o cérebro dispare para o corpo um sinal de que está correndo perigo, quando na verdade, nada está acontecendo. O medo toma conta de uma tal maneira que não importa o que a pessoa faça ou pense, parece que tudo está dando errado e uma tragédia está acontecendo. Com mente e corpo em estado extremo, a pessoa tem a sensação de que está de fato morrendo.
2 – Perda de controle
A crise de pânico é mesma reação natural que o corpo desencadeia em frente a uma ameaça à vida, só que no caso, nenhuma ameaça real está acontecendo. Nesse momento, o cérebro prepara o corpo para correr ou ainda, para suportar o sofrimento de uma possível morte. Ele tenta desligar o pensamento consciente, agindo com o subconsciente, ou seja, de maneira quase involuntária. E daí a pessoa perde o controle, não consegue expressar direito o que está sentindo e a sensação de medo e morte tomam conta.
3 – Pensamentos catastróficos
O cérebro tem um mecanismo de defesa que é guardar no subconsciente tudo o que já foi uma experiência ruim e/ou ameaçadora ao longo da vida da pessoa. Ele faz isso para proteger a vida em frente a mesma ameaça quando ela ocorrer novamente.
É um mecanismo natural que, no caso da pessoa com Síndrome do Pânico, pode ser ativado em situações que socialmente são consideradas não ameaçadoras. O medo vem à tona seguido de pensamentos negativos cada vez piores e crescentes, que começam antes da crise de pânico e permanecem durante a mesma.
Por exemplo, vamos supor que uma pessoa teve uma experiência ruim em um elevador e acabou ficando presa por alguns minutos devido a uma pane. Uma pessoa sem o transtorno, passa por medo e desconforto, sai da situação, mas isso não a impede de pegar o elevador novamente. Uma pessoa com transtorno de pânico pode sair traumatizada e ficar paralisada frente a mesma situação. Mesmo apenas imaginando o elevador, sem estar próximo dele, ela fica ansiosa e seus pensamentos são de que ela vai ficar presa, vai passar mal, vai ser abandonada e até morrer. Esses pensamentos geram sensações de desespero e ameaça que o cérebro interpreta como real. O medo de passar por essa experiência elaborada pela mente acaba levando à crise de pânico.
4 – Despersonalização
É não estar em seu próprio corpo, como se estivesse vendo de fora o que acontece com você mesmo. É assim que algumas pessoas descrevem a despersonalização. Parece que a pessoa sai de sintonia com seu corpo, como se houvesse uma necessidade de esforço para agir e sentir o próprio ser. É como se estivesse tendo um pesadelo. Você sente tudo o que acontece, mas não sente que está consciente o suficiente, perde a noção do real.
Considerações finais
As crises de pânico não são sempre iguais nem com a mesma intensidade. As pessoas que sofrem com o transtorno podem apresentar outros sintomas que não foram citados aqui, mas na maioria dos casos, os sintomas acima aparecem.
Uma crise de pânico é uma sensação terrível. Ela sozinha já é traumática o suficiente. Nós temos consciência de que a crise passa, na hora em que ela ocorre, o pensamento consciente some e dá lugar ao terror que nos parece eterno.
É muito difícil para quem vê do lado de fora, entender o que a pessoa em crise de pânico está passando. Mas basta ter uma única crise dessa magnitude para ter a vida alterada. A crise de pânico em si é passageira, mas ela deixa marcas terríveis no psicológico da pessoa. Por isso é necessário o tratamento com psiquiatras e psicólogos, além da compreensão dos que estão à volta.
Entenda como lidar com a crise de pânico aqui.
Texto por: Amarilis Schneider
Crédito das imagens de base utilizadas nos gráficos: freepik.com
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